Como Fortalecer as Práticas Anti-Corrupção em ONGs

Introdução
A credibilidade é um dos maiores patrimônios de uma ONG. Em um setor que depende da confiança de doadores, voluntários e beneficiários, qualquer indício de má gestão pode comprometer não apenas a reputação da organização, mas também sua capacidade de continuar transformando vidas.
No entanto, infelizmente, casos de corrupção e desvio de recursos no terceiro setor não são incomuns, e quando ocorrem, causam impactos devastadores.
A corrupção em ONGs pode assumir diversas formas, desde a falta de transparência no uso dos recursos até fraudes em contratos e favorecimento indevido de fornecedores.
Além de comprometer os objetivos da organização, esses problemas corroem a confiança pública e afastam investidores sociais e parceiros estratégicos.
Por isso, a adoção de práticas anti-corrupção eficazes não é apenas uma obrigação legal, mas um compromisso ético essencial para qualquer ONG que deseja ser reconhecida como transparente e responsável.
Felizmente, existem caminhos claros para fortalecer a integridade dentro das ONGs, e este artigo irá explorar exatamente isso.
Vamos abordar desde a importância da transparência e das auditorias até o papel da cultura organizacional e das novas tecnologias no combate à corrupção.
Se a sua organização deseja se proteger contra riscos e construir uma base sólida de credibilidade, este conteúdo é para você.
Agora, vamos mergulhar nas estratégias essenciais para fortalecer as práticas anti-corrupção em ONGs. E o primeiro passo para isso? Garantir a transparência na gestão e na prestação de contas.
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A importância da transparência na gestão de ONGs
A transparência é um dos pilares fundamentais para a credibilidade e o sucesso de uma ONG. Organizações que operam com clareza sobre suas finanças, decisões e atividades ganham a confiança de doadores, beneficiários e parceiros, fortalecendo sua reputação e garantindo a continuidade de suas ações.
A ausência de transparência, por outro lado, pode gerar desconfiança e afastar investidores sociais, além de abrir espaço para irregularidades. Mas como garantir que uma ONG opere com total transparência? A seguir, exploramos os principais motivos para investir nessa prática e estratégias eficazes para implementá-la.
Por que a transparência é essencial?
A transparência na gestão de uma ONG vai além da simples divulgação de dados financeiros. Ela envolve uma cultura de prestação de contas, garantindo que todas as partes interessadas tenham acesso às informações relevantes sobre a organização. Entre os principais benefícios dessa prática, destacam-se:
- Fortalecimento da confiança – Quanto mais transparente a ONG for, maior será a segurança dos doadores e financiadores em apoiar suas iniciativas.
- Maior captação de recursos – Organizações que demonstram compromisso com a transparência costumam atrair mais doações e parcerias estratégicas.
- Melhoria na governança e eficiência interna – A transparência impulsiona boas práticas de gestão, reduzindo riscos de fraudes e aumentando a eficiência dos processos.
- Aumento do impacto social – Quando há clareza na alocação de recursos e tomadas de decisão, a ONG consegue potencializar seus resultados e beneficiar mais pessoas.
Práticas essenciais para uma gestão transparente
Para que a transparência seja uma realidade na ONG, é necessário adotar algumas medidas concretas.
1. Divulgação de relatórios financeiros e operacionais
As ONGs devem fornecer informações claras e acessíveis sobre suas finanças e atividades. Algumas práticas recomendadas incluem:
- Publicação periódica de balanços financeiros e relatórios de atividades.
- Divulgação das fontes de financiamento e detalhamento do uso dos recursos.
- Transparência na contratação de serviços e parcerias institucionais.
2. Prestação de contas a doadores e financiadores
Os doadores e investidores sociais precisam acompanhar como seus recursos estão sendo utilizados. Para isso, a ONG pode adotar medidas como:
- Envio de relatórios detalhados sobre o impacto das doações.
- Realização de eventos e reuniões periódicas para prestação de contas.
- Disponibilização de canais de comunicação abertos, permitindo que apoiadores tirem dúvidas e acompanhem as ações da organização.
3. Implementação de um código de ética e conduta
Um código de ética bem estruturado é essencial para orientar colaboradores, voluntários e gestores sobre padrões de comportamento dentro da ONG. Esse documento deve incluir:
- Princípios e valores que norteiam a organização.
- Regras claras para evitar conflitos de interesse e condutas inadequadas.
- Definição de canais de denúncia seguros e acessíveis, garantindo proteção aos denunciantes.
4. Uso de tecnologia para garantir transparência
Ferramentas digitais podem facilitar a gestão e aprimorar a transparência da ONG. Algumas soluções incluem:
- Plataformas online de prestação de contas, onde doadores podem visualizar a aplicação dos recursos.
- Sistemas de gestão financeira, que permitem auditorias internas e externas de forma eficiente.
- Uso de blockchain, garantindo registros imutáveis e seguros das transações financeiras da organização.
Transparência como um compromisso contínuo
A transparência não deve ser vista como uma obrigação pontual, mas sim como um compromisso contínuo, essencial para a credibilidade e sustentabilidade da ONG. Criar uma cultura organizacional que valorize a prestação de contas e a clareza na gestão é um passo fundamental para evitar riscos e garantir um impacto social duradouro.
Mas a transparência, por si só, não basta. Para fortalecer as práticas anti-corrupção, é essencial que as ONGs sigam diretrizes e normas específicas, garantindo conformidade com padrões nacionais e internacionais. Na próxima seção, exploraremos quais são essas diretrizes e como aplicá-las no dia a dia da organização.
Diretrizes e normas para práticas anti-corrupção em ONGs
Garantir a transparência é um passo fundamental, mas para que uma ONG esteja realmente protegida contra riscos de corrupção, é essencial seguir diretrizes e normas específicas. A conformidade com regulamentos nacionais e internacionais não só fortalece a credibilidade da organização, mas também reduz vulnerabilidades, garantindo que recursos sejam utilizados de forma ética e eficiente.
Mas quais são essas diretrizes? Como implementá-las no dia a dia da ONG? Nesta seção, vamos explorar as principais normas e boas práticas que ajudam a estruturar um ambiente organizacional íntegro e alinhado com padrões globais de governança.
1. Regulamentações e leis relevantes para ONGs no Brasil
No Brasil, as ONGs precisam seguir uma série de normas que garantem a legalidade e a transparência de suas operações. Algumas das principais regulamentações incluem:
- Lei nº 13.019/2014 (Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil – MROSC)
- Estabelece regras para parcerias entre ONGs e o setor público.
- Exige prestação de contas detalhada dos recursos recebidos.
- Define critérios de transparência na execução dos projetos.
- Lei nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção)
- Responsabiliza organizações envolvidas em atos de corrupção.
- Prevê sanções administrativas e financeiras para entidades que violem as normas de integridade.
- Incentiva a adoção de programas de compliance e mecanismos internos de controle.
- Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002)
- Regula a criação e o funcionamento das ONGs no país.
- Exige que as entidades sem fins lucrativos tenham estatutos claros e prestação de contas regular.
Além dessas leis, muitas ONGs buscam aderir a padrões internacionais para reforçar sua governança e demonstrar seu compromisso com a integridade.
2. Padrões internacionais e certificações de conformidade
Para fortalecer sua reputação e garantir reconhecimento global, ONGs podem adotar certificações e diretrizes internacionais que comprovam boas práticas de gestão e ética. Algumas das principais incluem:
- ISO 37001 (Sistema de Gestão Antissuborno)
- Normativa internacional para a implementação de um sistema de prevenção à corrupção.
- Ajuda a estabelecer controles internos rigorosos e processos de auditoria contínuos.
- Transparência Internacional e Pacto Global da ONU
- Recomendações para que organizações adotem práticas éticas e combatam a corrupção.
- Incentiva a participação ativa das ONGs em iniciativas de integridade global.
- Accountability Standards da ICFO (International Committee on Fundraising Organizations)
- Define padrões para arrecadação de fundos e transparência financeira.
- Garante que ONGs operem de maneira ética ao captar e aplicar recursos.
Essas diretrizes ajudam a estruturar uma governança sólida e tornam a ONG mais atrativa para doadores, investidores sociais e órgãos reguladores.
3. Como implementar um código de ética e conduta eficaz
Mais do que seguir leis e certificações, é fundamental que a ONG tenha seu próprio código de ética e conduta para guiar as ações de seus colaboradores, voluntários e gestores. Esse documento deve ser claro, acessível e amplamente divulgado dentro da organização.
Elementos essenciais de um código de ética eficiente:
- Princípios e valores – Definir os pilares éticos da organização, como honestidade, transparência e responsabilidade social.
- Normas de comportamento – Estabelecer diretrizes para condutas aceitáveis no ambiente de trabalho e no relacionamento com parceiros e beneficiários.
- Gestão de conflitos de interesse – Criar regras para evitar favorecimentos indevidos e garantir imparcialidade nas decisões.
- Canal de denúncias seguro e anônimo – Implementar um sistema confiável para que irregularidades possam ser reportadas sem represálias.
- Sanções para descumprimento das normas – Deixar claro quais são as consequências para comportamentos antiéticos dentro da ONG.
Um código de ética bem estruturado não é apenas um documento formal, mas sim uma ferramenta viva que deve ser reforçada constantemente por meio de treinamentos e diálogos internos.
Conformidade e ética como diferenciais estratégicos
Seguir diretrizes e normas anti-corrupção não deve ser visto apenas como uma obrigação burocrática, mas sim como uma vantagem competitiva para a ONG. Organizações que demonstram comprometimento com a integridade conquistam maior credibilidade, ampliam suas oportunidades de captação de recursos e garantem um impacto social mais duradouro.
No entanto, para que essas diretrizes sejam realmente eficazes, é essencial que a ONG implemente mecanismos de monitoramento e auditoria. Como garantir que as regras sejam cumpridas na prática e que possíveis desvios sejam detectados a tempo? Na próxima seção, exploraremos as melhores estratégias para prevenir fraudes e fortalecer a governança.
Monitoramento e auditoria: prevenindo fraudes internas
Adotar diretrizes e normas anti-corrupção é essencial, mas apenas criar regras não garante que elas serão seguidas. Para evitar fraudes e garantir que os recursos da ONG sejam usados de maneira ética e eficiente, é fundamental investir em monitoramento e auditoria contínuos.
Muitas organizações acreditam que, por terem uma missão social, estão automaticamente imunes a desvios de conduta. No entanto, a realidade mostra que fraudes podem ocorrer em qualquer ambiente, especialmente quando há falhas na supervisão. Como evitar que isso aconteça? Nesta seção, exploramos os principais métodos para fortalecer o controle interno e garantir uma gestão íntegra e transparente.
1. Auditoria: o que é e por que é essencial para ONGs?
A auditoria é um dos mecanismos mais eficazes para detectar e prevenir irregularidades dentro de uma ONG. Ela pode ser dividida em dois tipos principais:
- Auditoria interna – Realizada por uma equipe da própria organização ou por um comitê de governança, com o objetivo de revisar processos e garantir que estão sendo seguidas boas práticas de gestão.
- Auditoria externa – Conduzida por empresas independentes, que verificam as finanças e operações da ONG para identificar possíveis inconsistências e emitir um parecer imparcial sobre sua integridade.
As auditorias ajudam a:
- Detectar erros contábeis ou desvios financeiros antes que se tornem problemas graves.
- Garantir que a ONG esteja cumprindo regulamentações legais e normas de transparência.
- Fortalecer a confiança de doadores, financiadores e parceiros.
ONGs que realizam auditorias periódicas demonstram compromisso com a transparência e aumentam sua credibilidade no setor.
2. Como implementar um sistema eficaz de monitoramento financeiro?
Além das auditorias, a ONG deve adotar processos internos de monitoramento para evitar riscos e garantir que cada centavo seja utilizado corretamente. Algumas boas práticas incluem:
Controle rigoroso de receitas e despesas
- Criar um orçamento detalhado, com previsão de receitas e alocação dos gastos.
- Implementar um sistema de registros financeiros, onde todas as transações sejam documentadas e justificadas.
- Exigir que pagamentos e reembolsos sejam aprovados por mais de uma pessoa, reduzindo o risco de decisões unilaterais.
Separação de funções e responsabilidades
Um erro comum em muitas ONGs é concentrar poder demais nas mãos de poucas pessoas. Para evitar fraudes, é essencial distribuir responsabilidades, garantindo que diferentes indivíduos participem do processo de tomada de decisão financeira.
- Quem arrecada recursos não deve ser o mesmo que faz pagamentos.
- Quem aprova despesas não deve ser o mesmo que executa as transações bancárias.
- Quem realiza auditorias não deve estar diretamente envolvido na administração financeira.
Essa separação evita conflitos de interesse e reduz oportunidades para fraudes.
Uso de tecnologia para controle financeiro
- Plataformas de gestão financeira online, que registram todas as movimentações e evitam erros manuais.
- Sistemas de conciliação bancária, que cruzam dados das contas da ONG com seus registros internos.
- Softwares de auditoria digital, que analisam padrões suspeitos e geram alertas automáticos para possíveis fraudes.
3. Como criar um canal de denúncias seguro e eficiente?
Mesmo com um forte sistema de monitoramento, é impossível prever todos os riscos. Por isso, é essencial que a ONG tenha um canal de denúncias onde funcionários, voluntários e beneficiários possam relatar suspeitas de irregularidades sem medo de represálias.
Para que esse canal seja eficaz, ele deve atender a alguns critérios:
- Acessibilidade – Deve estar disponível para todos, de forma simples e intuitiva.
- Anonimato e proteção ao denunciante – Quem faz uma denúncia precisa ter garantias de que não sofrerá represálias.
- Resposta rápida e eficiente – Toda denúncia deve ser investigada com seriedade e resolvida de maneira transparente.
Uma boa prática é terceirizar esse canal para uma empresa independente, garantindo imparcialidade e credibilidade no tratamento das informações.
Monitoramento contínuo para uma gestão segura
O combate à corrupção dentro de ONGs não depende apenas de normas e diretrizes, mas de um sistema de controle interno que funcione de forma ativa e eficiente. Auditorias regulares, separação de funções, uso de tecnologia e canais de denúncia são medidas que fortalecem a integridade da organização e protegem sua missão social.
Mas tão importante quanto detectar e evitar fraudes é garantir que toda a equipe esteja alinhada com a cultura de ética e transparência da ONG. Como envolver colaboradores e voluntários nesse compromisso? No próximo tópico, falaremos sobre o papel da cultura organizacional e do engajamento da equipe na construção de uma ONG verdadeiramente íntegra.
Cultura organizacional e engajamento da equipe
Regras, auditorias e monitoramento são ferramentas poderosas para evitar a corrupção em ONGs. No entanto, nenhuma medida técnica será realmente eficaz se a cultura organizacional não estiver alinhada com princípios éticos e de transparência.
Uma ONG íntegra não se constrói apenas com normas no papel, mas sim com um ambiente em que colaboradores, voluntários e líderes compartilham um compromisso genuíno com a honestidade e a responsabilidade. Mas como criar essa cultura? Como garantir que todos os envolvidos na organização compreendam e pratiquem os valores da ética e da transparência no dia a dia?
1. O papel da liderança na construção de uma cultura ética
Os líderes de uma ONG são os primeiros responsáveis por estabelecer e fortalecer uma cultura organizacional pautada na integridade. Mais do que impor regras, é necessário que os gestores sejam exemplos de conduta ética para toda a equipe.
Para que isso aconteça, a liderança deve:
- Demonstrar transparência em todas as decisões e processos. Se a diretoria age de forma obscura, a equipe tende a seguir o mesmo caminho.
- Criar um ambiente de diálogo aberto. Os colaboradores devem sentir que podem levantar preocupações e discutir dilemas éticos sem medo de represálias.
- Reconhecer e valorizar comportamentos éticos. Funcionários e voluntários que demonstram compromisso com a transparência devem ser incentivados e elogiados.
- Aplicar as regras de forma justa e igualitária. Qualquer desvio de conduta deve ser tratado com seriedade, independentemente do cargo ou função da pessoa envolvida.
Uma cultura ética se constrói com exemplos práticos, não apenas com discursos.
2. Capacitação e treinamentos sobre ética e integridade
Mesmo os colaboradores mais bem-intencionados podem cometer erros se não forem devidamente orientados sobre as melhores práticas de transparência e compliance. Por isso, é essencial que a ONG invista em treinamentos contínuos sobre ética e integridade.
Essas capacitações podem abordar temas como:
- Identificação de conflitos de interesse e como evitá-los.
- Boas práticas de prestação de contas e gestão financeira.
- Reconhecimento de sinais de corrupção e como agir diante deles.
- Uso responsável de recursos e bens da organização.
- Importância dos canais de denúncia e proteção ao denunciante.
Além de palestras e workshops, a ONG pode disponibilizar manuais, vídeos explicativos e cursos online para garantir que o conhecimento esteja sempre acessível.
3. Estratégias para incentivar denúncias e proteger denunciantes
Criar um canal de denúncias seguro é um passo importante, mas muitas pessoas ainda têm receio de reportar irregularidades por medo de retaliação ou descrença na efetividade do processo.
Para incentivar a equipe a denunciar práticas antiéticas, a ONG deve:
- Reforçar a confidencialidade do canal de denúncias. Todos devem ter certeza de que suas identidades serão protegidas.
- Explicar a importância das denúncias para a saúde da organização. Mostrar que reportar irregularidades não é “dedurar”, mas sim proteger a missão da ONG.
- Garantir que todas as denúncias serão investigadas de forma séria e imparcial. Se a equipe perceber que relatos são ignorados, o canal perde credibilidade.
- Criar mecanismos de proteção a denunciantes, como a realocação para outra equipe ou a garantia de anonimato.
Muitas organizações adotam programas de “compliance participativo”, onde a equipe pode sugerir melhorias e ajustes nos processos internos, tornando o ambiente mais seguro e confiável para todos.
4. Criando um ambiente organizacional baseado na ética
Além de treinamentos e canais de denúncia, algumas iniciativas podem ajudar a consolidar uma cultura de integridade dentro da ONG:
- Eventos internos sobre transparência e governança – Reuniões regulares para discutir dilemas éticos e reforçar boas práticas.
- Código de conduta acessível a todos – Manter um documento claro e atualizado, disponível para consulta a qualquer momento.
- Programas de reconhecimento para boas práticas – Criar premiações ou incentivos para equipes que se destacam em transparência e responsabilidade.
- Liderança acessível e comprometida – Gestores que ouvem a equipe e demonstram preocupação genuína com a ética da ONG.
Cultura organizacional: a base para uma ONG forte e confiável
Uma organização verdadeiramente íntegra não depende apenas de regras rígidas, mas sim de um compromisso coletivo com a ética e a transparência. Quando todos os envolvidos – da diretoria aos voluntários – compartilham esses valores, os riscos de corrupção diminuem drasticamente, e a ONG se torna mais forte e confiável.
No entanto, além de boas práticas internas, a tecnologia pode ser uma grande aliada no combate à corrupção. Como ferramentas digitais podem facilitar a transparência e tornar a gestão mais segura? É isso que veremos na próxima seção.
Tecnologia como aliada no combate à corrupção
No mundo atual, onde a informação circula rapidamente e a transparência é cada vez mais exigida, a tecnologia se tornou uma ferramenta indispensável para a integridade e a governança das ONGs. Ferramentas digitais podem ajudar a evitar erros, minimizar riscos e tornar os processos internos mais seguros e rastreáveis.
Mas como exatamente a tecnologia pode fortalecer as práticas anti-corrupção? Nesta seção, exploramos as principais inovações que podem ser adotadas para garantir uma gestão ética, eficiente e transparente.
1. Sistemas de gestão financeira e transparência
Muitas fraudes em ONGs ocorrem devido à falta de controle sobre os recursos financeiros. Para evitar problemas, é essencial contar com sistemas de gestão financeira, que permitem acompanhar cada movimentação de dinheiro em tempo real.
Os principais benefícios dessas ferramentas incluem:
- Automatização de registros contábeis, reduzindo erros humanos e inconsistências.
- Controle detalhado de receitas e despesas, com rastreamento de cada transação.
- Relatórios financeiros automatizados, facilitando auditorias e prestação de contas.
Software com o Economato, permitem uma gestão financeira organizada e acessível.
2. Plataformas de prestação de contas e transparência ativa
Uma das melhores formas de evitar suspeitas e garantir a confiança dos doadores é adotar plataformas de transparência ativa, onde qualquer pessoa pode visualizar como os recursos estão sendo utilizados.
Entre as iniciativas que podem ser implementadas, destacam-se:
- Portais de transparência, onde a ONG divulga relatórios periódicos e balanços financeiros.
- Dashboards públicos, que mostram o impacto dos projetos em tempo real.
- Mapas interativos de doações, permitindo que financiadores vejam para onde seus recursos estão indo.
Organizações que investem em transparência digital fortalecem sua credibilidade e criam um relacionamento mais sólido com apoiadores e beneficiários.
3. Blockchain: garantindo segurança e rastreabilidade
O blockchain é uma das tecnologias mais revolucionárias no combate à corrupção. Esse sistema permite registrar transações de forma descentralizada e imutável, garantindo total transparência e segurança.
Aplicações do blockchain para ONGs incluem:
- Rastreamento de doações, garantindo que o dinheiro chegue ao destino correto.
- Contratos inteligentes, que automatizam pagamentos e evitam desvios de recursos.
- Registros permanentes e auditáveis, tornando impossível a manipulação de dados financeiros.
Embora ainda não seja amplamente utilizado por ONGs no Brasil, essa tecnologia já vem sendo adotada por organizações internacionais para aumentar a confiabilidade de suas operações.
4. Sistemas de denúncia digital e compliance automatizado
Criar canais de denúncia seguros e eficientes é um grande desafio para muitas ONGs. Felizmente, hoje existem plataformas digitais especializadas em compliance e proteção ao denunciante, que garantem anonimato e segurança para quem deseja reportar irregularidades.
Algumas soluções tecnológicas nessa área incluem:
- Softwares de gestão de compliance, que ajudam a monitorar riscos e implementar políticas anticorrupção.
- Plataformas de denúncias anônimas, que garantem a proteção dos informantes e facilitam investigações.
- Chatbots de ética e governança, que orientam colaboradores sobre boas práticas e normas internas.
ONGs que utilizam essas ferramentas criam um ambiente mais seguro e confiável, incentivando a integridade em todos os níveis da organização.
Tecnologia e ética: um compromisso para o futuro
A tecnologia, quando bem utilizada, não apenas previne fraudes, mas também fortalece a governança, aumenta a transparência e torna as ONGs mais eficientes e confiáveis. O investimento em inovação é um passo essencial para organizações que desejam atuar de forma ética e impactar positivamente a sociedade.
Com a combinação de gestão financeira eficiente, transparência digital, blockchain e sistemas de denúncia, ONGs podem reduzir drasticamente os riscos de corrupção e fortalecer sua reputação perante doadores, parceiros e beneficiários.
No entanto, nenhuma ferramenta tecnológica substitui o compromisso humano com a integridade. Para que todas essas soluções funcionem de maneira eficaz, é essencial que a ONG adote uma cultura organizacional pautada na ética, garantindo que sua equipe e seus processos estejam alinhados com os princípios da transparência e da responsabilidade social.
Assim, ao unir boas práticas de governança, engajamento da equipe e inovação tecnológica, as ONGs podem construir um futuro mais ético, sustentável e impactante.
Conclusão
A transparência e a integridade são os pilares que sustentam a credibilidade de qualquer ONG. Em um setor que depende da confiança do público e de financiadores, adotar práticas anti-corrupção não é apenas uma questão de conformidade legal, mas um compromisso fundamental com a missão e o impacto social da organização.
Ao longo deste artigo, exploramos estratégias essenciais para fortalecer essas práticas, desde a implementação de normas e diretrizes claras até o uso de tecnologia como aliada na prevenção de fraudes. Vimos que a transparência na gestão, auditorias regulares, cultura organizacional ética e ferramentas digitais são componentes indispensáveis para garantir que os recursos sejam utilizados de maneira responsável e eficaz.
Mas, acima de tudo, percebemos que combater a corrupção em ONGs exige um esforço contínuo e coletivo. Não basta estabelecer regras rígidas ou investir em softwares avançados – é necessário cultivar um ambiente onde a ética seja parte do dia a dia, onde cada colaborador, voluntário e gestor compreenda sua responsabilidade na construção de uma organização íntegra.
Para que esse compromisso se torne realidade, fica o convite: avalie as práticas atuais da sua ONG, identifique pontos de melhoria e implemente mudanças que fortaleçam a governança e a transparência. Pequenas ações, quando adotadas de forma consistente, criam um impacto duradouro, fortalecendo a organização e garantindo que ela possa continuar cumprindo seu propósito com excelência.
A integridade não é apenas um valor – é a base para transformar vidas de forma justa, ética e sustentável. A sua ONG está pronta para esse compromisso?